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Gentes da Apulia |
2ª exposição individual GENTES DA APÚLIA
Em 28 de Agosto de 1977 e para durar até 6 de Setembro planeou uma exposição temática sobre “Gentes da Apúlia” para o salão paroquial da freguesia. Esta exposição acabou concretizada em taipais da construção civil, com denúncia pública, em cartaz, das razões que lhe negaram o espaço prometido: o pároco e os seus familiares mais chegados tomaram o fotógrafo como “comunista” perigoso, familiar de outros ainda mais conhecidos, como era seu tio Vítor de Sá. A exposição na rua foi por sua vez documentada nos jornais e lamentada, mas acabou, por razões de segurança diária, na Estalagem do Rio em Ofir, onde as pessoas puderam de facto apreciar as imagens do quotidiano marítimo de “sargaceiros valentes, duros e de pescadores destemidos”, como escreveu o autor da exposição no verbete divulgador da mesma, acrescentando do coração que esta exposição não era sendo uma “humilde e pequena homenagem à Gente da Apúlia, em troca de tudo aquilo que nestes anos de franco, sincero e são convívio...” recebeu da população marinha.
Em 30 de Outubro esta mesma exposição “Gentes da Apúlia” mostrou-se na Torre de Menagem, em Braga. Em 1978, de 2 a 12 de Maio, foi montada na Associação Fotográfica do Porto.
“A sua fotografia denota sentir humanidade e realismo. Não é mórbida, tão-pouco preocupadamente social-política. É por isso, aberta. Percebe-a uma criança. É, numa palavra, sensibilizante. E tem a sua - que só é sua - sensibilidade, e a sua arte aplicada, e os seus ângulos e, tanto mais, a sua intenção” - escreveu Tavarela Veloso, em 4.6.78, a propósito do trabalho sobre as Gentes da Apúlia. De 18 a 25 de julho esteve exposta no edifício Chiado, em Coimbra, integrada na semana cultural do FAOJ.
De 15 a 31 de Agosto de 1978, na sua terra natal, a Póvoa de Varzim, Miguel Louro montou e depois desmontou a exposição temática "O Mar e Suas Gentes”, juntando outras provas às suas provas fotográficas, num desempenho do tipo “faz-tudo”. As reações foram calorosas: “Venho à presença de Vª Exª agradecer, muito penhorado, a valiosa colaboração que nos prestou na realização da mostra fotográfica “O Mar e suas Gentes”, possível exclusivamente pela sua ação pessoal, quer na obtenção de trabalhos de fotógrafos conceituados, quer na montagem e desmontagem da exposição e ainda na elaboração do catálogo.
A exposição constituiu assinalável êxito, tendo ficado ligada à inauguração das novas instalações do Posto de Turismo e às festas de S. Pedro 1978.” - Assim lhe agradeceu o Presidente da Comissão Municipal de Turismo da Póvoa de Varzim, o professor Filomeno Afonso Terroso, em carta de 21 de julho deste ano. Em 1979, de 17 a 23 de Fevereiro, “Gentes da Apúlia” foi apresentada no Real Clube Náutico de Vigo, tendo passado depois para o Centro Português de Vigo. De 6 a 30 de Abril foi inaugurada na Associação Portuguesa de Arte Fotográfica, em Lisboa. “Já lá vai um ror de anos que me desloquei a Braga, no intuito de observar “in loco” a arte fotográfica de Miguel Louro. Nessa altura eu tinha também a paixão da fotografia; por isso, o meu interesse em ver tal exposição era enorme, sabendo, de antemão, que o artista utilizava técnicas que me iriam deslumbrar.
Acabei por dar por bem empregue essa minha deslocação à cidade dos Arcebispos. O tema da exposição era “Os sargaceiros da Apúlia” e, logo, logo, fiquei preso pelo preto e branco das belíssimas imagens que, tão transcendentemente, foram captadas pelo fotógrafo, num registo documental que, no futuro, os vindouros hão-de agradecer-lhe. Eram criações artísticas de elevado mérito, num conjunto que deveras me impressionou.
De chofre, perguntei: como foi possível obter estas maravilhosas fotografias, sendo certo que a beleza do efémero estava ali tão admiravelmente retratada? A resposta não se fez esperar, causando em mim uma maior admiração pelo artista: “Tudo resultou das idas à Apúlia durante vários fins-de-semana, onde chegava por volta das seis da manhã, na esperança de encontrar o amanhecer ideal que me tocasse a alma.”
Nunca irei esquecer estas palavras que provam, à saciedade, que este artista da fotografia quis recolher, o mais fidedignamente possível o arrojado e hercúleo mister daquela laboriosa gente, com a luz que melhor espelhasse o esforço de uns e de outros. E foi assim, deste modo, tão sublime quanto talentoso, que os sargaceiros da Apúlia ficaram eternizados, pela objetiva e pela rara sensibilidade de um artista de eleição.” - Escreveu Eduardo da Costa Soares, em Setembro de 2000.
Estas palavras da memória pessoal amiga de Eduardo da Costa Soares transportam em si um “fôlego de ingenuidade” muito gratificante, sobretudo por espelharem uma coexistência de sentimentos ligados à arte da fotografia, concebida enquanto “estado de alma”, enquanto paixão que se espera seja favorecida por golpes mágicos da luz, num dia, numa manhã, num minuto, num segundo, enfim, num momento de génio (como quem aguardava a confluência de todas as forças cósmicas na pureza do gesto infantil de fotografar a família).
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